As Consequências da Adultização
Precoce
Na atual configuração social, tem se
tornado cada vez mais frequente a indiferenciação entre crianças e adultos.
Ambos veem os mesmos programas de Tv, têm refeições iguais, vivem a correria do
dia dia. Ou seja, desde pequenas, as crianças se veem exposta as mesmas
vivencias, preocupações e problemas dos adultos. Além disso, a mudança da
organização das cidades e os novos perigos deixam as crianças com menos contato
com outras crianças, seja por não poder sair do apartamento, por os pais não
terem tempo ou tranquilidade em leva-los um ambiente infantil, como uma praça.
Resumindo muitas são as dificuldades hoje para uma criança poder ser criança e
ter seu desenvolvimento social e psicológico no tempo considerado adequado. A
assim torna-se mais comum vermos ao invés de crianças, pequenos adultos, cheios
de preocupações e até sofrendo de doenças antes consideradas apenas de adulto.
Por isso nos propomos a pensar neste texto quais as consequências de uma
“adultizaçao precoce”, da falta do convívio de crianças com outras crianças.
Não é difícil vermos pais orgulhos
falando de como seus filhos são maduros, inteligentes para a idade e não dão
trabalho em casa. Ao ouvirmos isso, a principio, não percebemos o perigo que
essa maturidade precoce traz a outras esferas do desenvolvimento infantil.
Apesar do convívio extremo com adultos estimular o desenvolvimento intelectual,
na maioria das vezes o desenvolvimento emocional não acontece na mesma
proporção e é nesse ponto que aparecem os problemas. Cada vez mais cedo as
crianças têm assumido responsabilidades, disputam posições, se cobram como
adultos e buscam perfeição. Com isso também ganham novas preocupações e
objetivos excessivos para a idade. Despreparadas emocionalmente recebem de
forma direta essas influências, querendo sempre mais, sem saber lidar com as
dificuldades que acarretam.
Crianças que convivem muito com
adultos muitas vezes apresentam dificuldades de lidar com outras crianças. As
outras crianças, que vivem em um padrão diferente, não o compreendem devido ao
seu repertório diferenciado e por isso há desavenças. Por estar acostumado a
ser o centro das atenções e ter seus gostos realizados pelos adultos, têm
dificuldade em dividir e em se frustrar. Isso implica em uma incapacidade para
lidar com o próximo quando esse não faz aquilo que esperam ou quando não
alcançam o que esperam dele. Podem ter medo em dizer que estão com dificuldades
diante desafios, tornando-os maiores e até bloqueando o aprendizado.
Outra consequência da adultização e a
exposição a problemas de saúde tipicamente adultos. Crianças com problemas de
pressão alta, colesterol, depressão, stress e outros estão mais comuns. Os
filhos acabam tomando para si todas as preocupações dos pais e se preocupam com
problemas financeiros, com comprimento de vários compromissos e com o futuro. É
importante que os pais estejam atentos aos comportamentos de seus filhos e que
possam proporcionar a eles momentos de serem crianças.
A interação entre as crianças é
considerada fundamental na construção de aprendizagens e desenvolvimento
infantil. Por meio da interação e
convívio trocam conhecimentos, são desafiadas nas suas ações, aprendem sobre as
relações, constroem valores de cooperação, solidariedade e respeito ao outro. Quando favorecemos essas situações de
convívio estamos favorecendo a aprendizagem das crianças em conviver com outros
iguais, respeitando e valorizando as diferenças, resolvendo e respeitando os
conflitos gerados por esta interação, aprendendo a contar com a parceria do
outro para descobrir novos saberes e para construir competências indispensáveis
para o convívio em equipe, tal como o cooperar, esperar sua vez de falar, ouvir
o outro, entre outros.
Uma forma de estimular esse convívio
é através da brincadeira. Afinal poder brincar é fundamental na infância. As crianças
precisam ter tempo para estudar, descansar e, principalmente, brincar. A
brincadeira funciona, para a criança, como uma válvula de escape, um
estabilizador para a vida. O brincar é
um momento prazeroso, mas também funciona para a criança como forma de
expressar, entender e dominar suas angústias.
Participar de atividades com outras crianças permitem que elas façam
parte do mundo da criança, que se identifiquem e construam suas personalidades
com iguais. Com isso a criança se desenvolve dentro do seu tempo, acompanhando
colegas, enfrentando dificuldades e superando-as no seu ritmo natural.
Os ritmos de cada um são diferentes e
os pais precisam saber lidar com isso. Até mesmo entre irmãos há essas
peculiaridades, que devem ser observadas e levadas em conta.
É lógico que as crianças também devem
conviver com seus pais e família, mas nunca se pode substituir o convívio com
outras crianças. E os pais devem estimular e ajudar seus filhos nessas
relações.
- É importante que as crianças sintam
que os adultos sua volta também gostem do universo infantil. Demonstrando
interesse, apreciando as habilidades dos filhos e compartilhando suas próprias
experiências.
- Determine limites de quando e como
as crianças podem participar dos assuntos e programas de adultos. Ensine que
existem coisas para cada idade. Sempre explique e converse sobre o motivo e não
subestime a capacidade de compreensão.
- Pais e outros adultos devem
compreender que, na presença de crianças, estão na liderança. Ser uma
referência positiva, sabendo respeitar e conquistar o respeito e a admiração da
criança.
Por Fernanda Couto / Centro Apoio:
Educação e Saúde.
Hoje em dia percebe-se que esta cada vez mais ''normal'', vermos crianças sendo vestidas e tendo comportamento de adultos. Acredito que esse termo ADULTIZAÇÃO esteja correto. Pois é o que estamos vendo, crianças se comportando como adultos, tendo preocupações de adultos. Sabe-se que criança necessita conviver com outras crianças, brincar como criança, e SER criança. Nos dias de hoje a mídia utiliza dessa fase para apenas movimentar o mercado do consumo, assim a criança deseja TER. Caberia aos pais decidir do que a mesma realmente necessita. O mercado do consumo utiliza com frequência a publicidade infantil, Pois se torna um ''alvo'' fácil. Desta forma Crianças se tornam com facilidade mini adultos. Agora cabe a nós (educadores, pais) tentar modificar essa nova visão da sociedade, em que torna crianças em adultos.